quinta-feira, 3 de março de 2011

Verbum - Lutar com Palavras

     Venho hoje para lhes falar de uma das realidades mais fantásticas da nossa vida enquanto seres humanos: A Língua! Ela está presente em todas as nossas atividades; nós vivemos entrelaçados (às vezes soterrados) pelas palavras; elas estabelecem todas as nossas relações e nossos limites, dizem ou tentam dizer quem somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer, o que fizemos. Nossos sonhos são povoados de palavras; os outros se definem por palavras; todas as nossas emoções e sentimentos se revestem de palavras. O mundo inteiro é comunicação; palavras, sílabas, fonemas. É pela linguagem, afinal, que somos indivíduos únicos.


    Por fim, cabe ressaltar que Drummond chegou a falar, poeticamente, é claro, do nosso empenho por "domar" as palavras e, numa espécie de luta corpo a corpo, deixá-las submissas às nossas intenções. Nas palavras do poeta,


Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
Mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
Como o javali
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
Poder de encantá-las.

    Como se vê, nessa luta, o poeta confessa impotente. E digamos o que seja. Trata-se de uma esfera fantástica de linguagem, a esfera literária, onde a ordem do dizer assume funções que vão muito além das pretensões interativas da comunicação comum. Nesse espaço denominado Versum (palavra em latim) abordarei as duas, sempre dialogando língua e literatura. Mal rompe a manhã, não percamos tempo! 

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