domingo, 27 de março de 2011

Verbum - Contos Surreais I: Momento relativo


       Subo as escadas que me levam para baixo. Cruzo com pessoas que seguem para todas as direções. Para a esquerda, direita, algumas em diagonal... Chego ao meu destino, onde há uma porta que abre para o espaço. Apoio-me em uma sacada e miro para direções opostas: vejo janelas no céu, que apresentam uma vista linda, para jardins infinitos.

A Relatividade
 Desenho do matemático Maurits C Escher (17 de junho de 1898 - 27 março de 1972)

     
       Volto a caminhar. Os ecos ressoam os corredores, enquanto sigo em direção ao banquete, servido em minha homenagem. Há apenas dois amigos lá, mas outros hão de chegar. Enquanto esperam, conversam sobre frivolidades e miram o horizonte na vertical. Chego e já me cumprimentam. Na mesa, servem frutas, pão e pavão assado e, para beber, vinho.

       Fica tarde e percebemos que os outros não vem. Percebo, então, que habito apenas a memória de dois amigos. E os demais? Aqueles a quem confiei, dividi angústias, alegrias, felicidades e tristezas? Por onde andam? Um dos presentes disse: esqueceram do que passou, talvez.
Eu ia falar algo, mas as paredes mudaram de direção, mais uma vez. Por isso, eu precisava despedir-me e sair dali, o quanto antes, do contrário, não encontraria o caminho de volta e minha memória também estaria perdida.

       Ergui-me e me despedi, mas aí já era tarde. As portas tornaram-se janelas e as sacadas se converteram em escadas. Agora minha mente já estava embaralhada e dos últimos amigos que se lembravam de mim também. Aquele momento, último momento em que estivemos juntos, já perderam-se no câmbio do tempo pelo espaço.

       Volto a caminhar. Os ecos ressoam os corredores, enquanto sigo em direção ao banquete, servido em minha homenagem. Há apenas dois amigos lá, mas outros hão de chegar. Enquanto esperam, conversam sobre frivolidades e miram o horizonte na vertical.

       Chego e já me cumprimentam. Na mesa, servem frutas, pão e pavão assado e, para beber, vinho.
Fica tarde e percebemos que os outros não vem. Percebo, então, que habito apenas a memória de dois amigos. E os demais? Aqueles a quem confiei, dividi angústias, alegrias, felicidades e tristezas? Por onde andam? Um dos presentes disse: esqueceram do que passou, talvez.

       Eu ia falar algo, mas as paredes mudaram de direção, mais uma vez. Por isso, eu precisava despedir-me e sair dali, o quanto antes, do contrário, não encontraria o caminho de volta e minha memória também estaria perdida.

       Ergui-me e me despedi, mas aí já era tarde. As portas tornaram-se janelas e as sacadas se converteram em escadas. Agora minha mente já estava embaralhada e dos últimos amigos que se lembravam de mim também. Aquele momento, último momento em que estivemos juntos, já perderam-se no câmbio do tempo pelo espaço.

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