"Era de madrugada, apenas las tres. No había una luz en las casas de la vecindad[....] [...de pronto un crujido, un crujido en la silla enfrente mio, la silla que siempre ocupan los que vienen a charlar conmigo...]"Depois de mais de meio século chega ao Brasil o primor da HQ argentina, O Eternauta de Héctor Germán Oesterheld(1919-1977) e Francisco Solano López(1928–2011), que simplesmente fizeram, na minha opinião, uma das melhores histórias em quadrinhos da América Latina, junto com o brasileiro Solar, de Wellington Srbek e Rubens Lima.
A primeira edição da editora Martins Fontes abrange a primeira fase da tira, publicada entre 1957 e 1959. A HQ enfoca Juan Salvo e seus amigos tentando resistir a invasão alienígena que mata quase toda a cidade de Buenos Aires. A invasão é precedida por uma espécie de neve tóxica - o que mata a maior parte da vida existente - que cai incessantemente.
Os personagens centrais logo se organizam para sobreviver a provação, fazendo roupas ambientais para sair da proteção da casa e se embrenhar pela neve mortal para buscar materiais necessários. Durante essas viagens encontram Pablo, garoto de doze anos de idade, e percebem que os sobreviventes, carentes ou enlouquecidos, tornaram-se uma ameaça tão letal quanto a neve.
Os militares que restaram recrutam civis para formar uma resistência aos invasores da Terra, que usam cada espécie derrotada em um contingente da força conquistadora - insetos gigantes, animais gigantes capazes de colocar edifícios abaixo, e até mesmo companheiros que foram capturados controlados remotamente através dos implantes chamados dispositivos medo comandada e criaturas que permanecem escondidas, controlando tudo a distância - comandados pelas criaturas conhecidas como "mãos". .
Mas a história realmente só começa quando Salvo e seus companheiros conseguem tomar uma das naves alienígenas e acidentalmente acionam um mecanismo de viagem temporal deixando-os perdidos por diferentes continuums temporais, um desesperadamente buscando o outro.
Além da pungente tenacidade dramática que colocava a obra anos a frente da revolução psicológica/social das HQs dos anos 1970, Oesterheld usava muito bem o subterfúgio da ficção.
Um dos trabalhos da ficção científica é fazer alusão aos eventos da sociedade real, portanto, a HQ é um marco argentino, originalmente publicada entre 1957 e 1959 na revista Hora Cero, misturando ficção científica e crítica política. 
A crítica forçou López a se mudar para a Espanha no final da década de 50, indo depois para Londres onde trabalhou com editoras inglesas fazendo quadrinhos de ficção científica e guerra.
Acabando por retornar a sua Argentina natal, em 1976 onde retomou a parceria com Oesterheld para fazerem uma segunda parte para a história do Eternauta.Grafite nas ruas de Buenos Aires
A parceria não durou muito Oesterheld, devido quadrinhos críticos ao governo e por sua participação no grupo guerrilheiro Montoneros, foi preso e morto pela junta militar que governava o país,
transformando o roteirista em um dos muitos desaparecidos políticos criados pela ditadura militar.
López refugiou-se mais uma no velho mundo, onde continuou a publicar O Eternauta através de editoras italianas.
Com a amenização política retorna a Argentina , onde retoma carreira e cria suas próprias HQ ou colabora com roteiristas locais como Ricardo Barreiro.
O Brasil também serviu de lar para o desenhista original do Eternauta, onde publicou um único álbum: Sangue Bom, com Allan Alex e Carlos Patati.
Em 2007, durante as comemorações dos 50 anos do Eternauta, já uma vertente cultural própria, Cartaz falso do filme não realizado do Eternauta
recebeu prêmios na Argentina, na Espanha e na Itália.
Francisco Solano López morreu em Agosto de 2011, após um AVC e muito tempo de debilitação. A editora Martins Fontes dá a oportunidade ao leitor brasileiro de conhecer esta primeira fase de O Eternauta, considerada a mais importante. A obra ganhou vários segmentos ao longo das décadas, chegando a ganhar uma peça de teatro,
e há tempos está em vias de ter uma adaptação para o cinema produção que no momento está parada,
apenas com um teste de efeitos visuais produzido pelo estúdio argentino Shango, onde podem ser vistos a neve mortal e as naves alienígenas sobrevoando Buenos Aires:A Martins Fontes promete a publicação há alguns anos, seu O Eternauta tem formato 28 x 22 cm, com 360 páginas, pelo preço R$ 69,80, é um clássico dos quadrinhos argentinos e mundiais. A edição brasileira tem prefácio do jornalista Paulo Ramos (Blog dos Quadrinhos).
Até mais e que a força esteja com você.
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