Sinal dos tempos. Houvera um tempo em que se acertavam patinhos ou discos com uma pistola tosca num Dynavision - é esse o nome do vídeo game? Já não lembro. Não obstante, agora, segunda década do século XXI, época de consumo em massa e de gastos pecaminosos com refrigerante diet, o já tão famoso e sonhado Ipad é o alvo da vez. Por quê? Não faço ideia. O fato é que um de cada cinco sites que acesso lá está o maldito pop-up: Acerte os Ipads e leve um para a sua casa!
Maluquice. Por que atirar neles? It doesn’t make sense! A resposta mais plausível que tenho é a de que certos sentidos estão sendo lentamente deturpados. Gostamos deles, os queremos, então, nada mais justo: tiro neles! Danada da psicologia reversa. Não que a antiga não fosse, pois atirar em patos tudo bem (quer dizer, tudo bem uma ova, é um bichinho assaz pacífico e ninguém come sua carne), mas um prato?! O que ele fez? É um dos utensílios mais úteis pra nós - seres humanos. Pensando melhor, a antiga analogia cunhada por mim de “acerte os patos ou pratos e deixe seus pais fazerem amor” foi muito bem construída. Finalmente, saquei. Meus amigos que jogavam comigo, sem exceção, têm uma fazenda com patos e, acredite se quiser, usam pratos como utensílio básico para se alimentar (quanto ao sexo dos pais irei me abster). Yeah! A psicologia é reversa e funciona.
Antigamente os patos simbolizavam a verdadeira beleza, a leveza, o pôr do sol, o Guaíba, casa dos avôs, fim de tarde, etc. Os pratos, por sua vez, faziam menção ao lar, à família, àqueles antigos pratos japoneses de porcelana da casa da tia Iraci Maggioni, entre outras coisas. O supracitado Ipad segue, racionalmente, a mesma analogia; o doce poder do touch screen na ponta dos dedos não é nada mais que conforto, beleza, imagens do Guaíba na internet, praticidade, telefones de amigos, foto da família, isto é, um equivalente ao pato e ao prato. Bela jogada publicitária, claro. Uma pequena reflexão e... Pronto, nada mais natural: dê um tiro nas coisas que gosta! Isso mesmo, aquelas que te trazem boas lembranças, já que é um modo moderno de demonstrar o apego que tens por elas e o quão importante são pra você. Eu, por exemplo, hoje mesmo darei um tiro nos meus porta-retratos, motocicleta, LPs dos Beatles, namorada (serviria até mesmo de desculpa para terminar o namoro) livros, DVD’s do Monty Python, amigos, por que não? Eita psicologia reversa! Tomara que eu não faça as pazes com o vizinho. Caso aconteça, terei de alvejá-lo para mostrar minha satisfação.
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