segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Verbum - Brazum (Crônica Zumbi)


Por Alex Sandro M. Spindler

Era o ano de 2037. O Brasil vivia seu ápice de país emergente - era o principal exportador de petróleo, água e comida em todo o mundo, - todavia, o futuro desse grande império e população corria grande perigo. Um composto químico havia se misturado à água encanada e, em pouco tempo, todos brasileiros estariam fadados à triste extinção.
Os primeiros efeitos do problema começaram a aparecer quando, em uma demonstração pouco admirável, o apresentador do Jornal Nacional William Bonner mordiscou o pescoço de sua esposa Fátima Bernardes ao vivo no telejornal. O país não entendeu se era mais uma mudança comportamental do século XXI, ou quem sabe simplesmente não sabiam da volta dos comerciais, Arnaldo Jabor, como de costume, apenas disse que eles queriam ser capa, pela quadragésima segunda vez, da revista Caras. O fato tomou proporções razoáveis após a meia-noite, momento em que a Rede Globo de Televisão revisara a programação e decidiu adicionar mais dezesseis horas com o clássico Vale a Pena Ver de Novo. Suspeitas de conspiração logo surgiram, o que a toda poderosa estaria escondendo?
No Rio de Janeiro ninguém anunciava os violentos ataques que ocorriam em favelas do Rio, parecidos com a represália feita pelo grupo de operações especiais Bope, exército e polícia 27 anos antes, em 2010, mais precisamente. Ao contrário do que acontecera no passado, o ataque, desta vez, era dos moradores mesmo e não consistia apenas em afugentar ladrões, mas sim trucidá-los. Dezenas de chefes do tráfico foram ironicamente lavrados da Rocinha. Uma verdadeira carnificina. No primeiro dia, traficantes foram expulsos literalmente a mordidas do Morro dos Macacos, em menos de 24 horas o Complexo do Alemão já havia sido sitiado pelo que parecia ser um bando de homens e mulheres usando, ao que de longe parecia, forte batom vermelho.
Em São Paulo, o de sempre, trânsito parado na Marginal Tietê e pessoas comendo umas as outras em plena Dutra.
No Rio Grande do sul, não era luta de Boxe nem nada, mas jogadores arrancavam orelhas a dentadas depois de um pênalti marcado contra o Grêmio em um grenal. No Theatro São Pedro um pianista após bebericar um gole de água, decidiu desistir de Mozart e literalmente atacar em pianíssimo a nona fila da platéia. Muitos pediram “BAcH” nesse momento.
Manchetes estampadas por todo mundo anunciavam que o país do futuro, infelizmente, não resistira ao Carnaval de 2037. Tudo havia começado, diziam os mais sensacionalistas, depois de que centenas de zumbis se espalharam por carnavais, festas e cidades, principalmente, trios elétricos e sambódromos. Até agora nem uma empresa se responsabiliza pelo ocorrido e a vigésima oitava presidenta do país está sendo tratada na Argentina por causa das mordidas que levara do Ministro da economia. O ministro da saúde ainda não foi encontrado.


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