QUITO, 16 Ago (Reuters) - O Equador concedeu asilo político ao fundador
do site WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta quinta-feira o
chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, um dia depois de o governo
britânico ameaçar invadir a embaixada do país sul-americano em Londres
para prendê-lo.
A Grã-Bretanha afirmou que está determinada a extraditar o ex-hacker
para a Suécia, onde é acusado de abuso sexual. Assange irritou
Washington em 2010 quando o WikiLeaks publicou documentos diplomáticos
secretos dos Estados Unidos.
"O Equador decidiu conceder asilo político a Julian Assange após o
pedido enviado ao presidente", disse Patiño em entrevista coletiva em
Quito.
Ele argumentou que a segurança pessoal de Assange corria riscos, que era
provável a extradição para um terceiro país sem as garantias
apropriadas e que evidência legal mostrou que ele não teria um
julgamento justo se fosse eventualmente transferido para os Estados
Unidos.
"É uma decisão soberana protegida pela lei internacional. Não faz
sentido supor que isso implica uma quebra das relações (com a
Grã-Bretanha)", acrescentou Patiño.
A Grã-Bretanha reagiu ao anúncio, dizendo estar desapontada com a
decisão do Equador em favor de Assange, que está abrigado na embaixada
equatoriana em Londres há dois meses.
"Estamos desapontados com a declaração do ministro de Relações
Exteriores do Equador, de que o país ofereceu asilo político a Julian
Assange", afirmou o porta-voz do Departamento de Relações Exteriores
britânico.
"Sob a legislação britânica, o senhor Assange exauriu todas as suas
opções de apelação e as autoridades britânicas têm a obrigação de
extraditá-lo para a Suécia. Nós devemos cumprir esta obrigação",
acrescentou o porta-voz.
Mesmo com a concessão do asilo, Assange tem poucas chances de deixar a embaixada do Equador em Londres sem ser preso.
Há especulações de que ele poderia ir a um aeroporto em carro
diplomático, ser "contrabandeado" em uma mala diplomática, ou mesmo ser
nomeado diplomata equatoriano para que consiga imunidade.
Mas advogados e diplomatas dizem que esses cenários são impraticáveis.
O presidente do Equador, Rafael Correa, diz ser inimigo da mídia
"corrupta" e do "imperialismo" dos Estados Unidos e faz parte do bloco
de esquerda dos líderes sul-americanos.
Patiño considerou a ameaça britânica de invadir a embaixada de "brutal" e
destacou que o único modo de Assange viajar ao Equador seria se a
Grã-Bretanha concedesse passe livre para ir a um aeroporto.
(Reportagem de Eduardo García)
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