A banda inglesa Pink Floyd lança em 1979 o álbum The Wall, cuja sequência de musicas a MGM transforma em filme, em 1982, sob o título de "Pink Floyd: The Wall". Alan Parker realiza o filme, com Bob Geldof no papel principal. A história de um rapaz chamado "Pink", que perdeu o pai durante a 2ª Guerra Mundial, tendo, por consequência, desenvolvido uma relação muito estreita com a sua mãe. Ele cresceu e, apesar dos traumas de infância, tornou-se uma estrela de rock, casou com uma atraente acompanhante do grupo. No entanto a sua vida é completamente vazia e após sua mulher tê-lo deixado, enlouquece e, durante uma alucinação causada pelas drogas, imagina-se líder de um grupo neonazista, em que lhe é conferido o poder de pôr as minorias "contra o muro”.
Another Brink in the Wall (Parte II, faixa 5, 3:21), é um recorte desse musical em que Pink, durante seus tormentos, relembra seus traumas escolares, proporcionados pela educação rigorosa, de uma frieza assustadora. A música traz em si um pedido de libertação e de não “uniformização”, que torna os alunos uma massa homogênea, como é representada metaforicamente pelas crianças enfileiradas para serem despejadas em um moedor de carne. Afinal, o que o clipe quer dizer é que as crianças, ao entrarem na escola, passam a ser apenas um monte de carne moída, sem distinção entre si. O subjetivo delas, portanto, não é mais válido. Isso é uma característica muito comum de regimes ditadoriais ou totalitários, indiferente de sua configuração econômica.
O filme dessa forma, em especial o clipe The Wall, vai ao encontro da teoria proposta Michael Focault, cujos espaços como escola, presídio ou hospício seguem a mesma lógica. Mas, como assim? Na verdade, a função da escola é preparar o indivíduo para a sociedade onde ele está inserido, sendo que se ele seguir um padrão semelhante aos demais, será mais fácil de adaptar-se. Entretanto, caso isso não seja possível, dependendo de sua situação, deveria ser encaminhado para um hospício, quando considerado imoral e incómodo ou para a cadeia, quando julgado como uma ameaça para essa sociedade.
Ao longo do filme, Pink enlouquece, mas isso não aparece no clipe referido. De tal maneira, não há porque ater-se a isso neste momento. O que cabe aqui, contudo, é a revolta com que a personagem, enquanto aluno, recorda daqueles momentos, vendo a educação como um labirinto onde ele e seus colegas se perdem e param na fila em direção ao moedor já referido.
A negação do “eu” está presente a todo momento, inclusive quando passa um trem, logo no início da música, que faz alusão a prisioneiros de guerra ou aos judeus sendo levados a campos de concentração, no período nazista. É importante lembrar que as memórias da personagens voltavam-se para sua infância, vivida durante a II Guerra Mundial. Inclusive, seu pai, como é representado em outra música deste mesmo álbum, morre em um campo de batalha. Essa questão também salienta o sacrifícios das pessoas em nome de seu país, sua pátria, seja pela mãe viúva ou seja pelo homem morto por uma causa que, muitas vezes, desconhece o motivo de estar lutando por ela.
Referente ao diálogo com outras obras, há traços muito marcantes do expressionismo alemão, em especial do filme “Metropolis”, cujo imagético representa um futuro distante, repleto de cidades gigantescas e construções faraônicas, mas que é destruída pela ganância de seus líderes. Afinal, o que tem em comum esses dois filmes? Muita coisa, pois ambos representam a massificação da sociedade e, em The Wall a cena das crianças marchando em fila, o foco das sobras das máquinas lembra muito o filme anterior. Mais tarde, Fred Mercury usa cenas do filme alemão para fazer seu clipe intitulado “Radio Gaga”, no qual, por meio de efeitos especiais, ele se insere nas imagens filmográficas. Essa produção do vocalista da banda Queen também faz uma crítica ao mundo Pós-Guerra, mas de uma maneira mais geral, voltada para a política, para o medo de uma guerra nuclear, proporcionada pelos líderes governamentais, algo semelhante como representado em Metropolis.
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